Dor companheira
Era apenas um leve desconforto na lateral esquerda do meu abdômen aos oito anos que logo era tratado com chá e remédio para a dor. Passaram-se anos e aquele desconforto me visitava anualmente quando criança, depois adolescente até chegar à fase adulta.
Ao todo foram 12 anos convivendo com a dor sem saber sua causa, até que apareceram outros sintomas: minha barriga inchou, senti dificuldade para evacuar e urinar além de falta de apetite, juntamente com o aumento da dor e febre, dificultando a rotina e forçando uma visita ao médico onde descobri que a dor companheira era uma inflamação e perda total do funcionamento do rim esquerdo devido uma má formação.
Tal descoberta mudou totalmente meus planos, logo eu que sempre planejei tudo o que iria fazer sendo surpreendido por uma doença que me forçou a ficar internado 11 dias para tratamento e cirurgia. Amigos e parentes se solidarizaram com minha situação e recebi visitas diariamente no período da internação que me deixava mais calmo, a exemplo da minha madrinha e sua esposa que superaram traumas para estar comigo. Posso afirmar que minha mãe foi capaz de sentir minha dor, tendo que disfarçar, pois ela tinha que me dar força, não foi fácil; muitas vezes ela ficou sem comer por não sentir fome eu sabia disso e ficava preocupado.
Suportamos tudo até mesmo os momentos mais difíceis, como ter que ficar em jejum para a cirurgia que aconteceu no dia 27 de dezembro, (passamos o natal no hospital) a aflição aumentou na entrada do centro cirúrgico, onde senti mais medo ao olhar para minha mãe e a enfermeira e ver que elas também estavam aflitas.
Ocorreu tudo bem na cirurgia que durou 4 horas, meu rim ainda estava muito infeccionado tendo que ser drenado para poder removê-lo, ao acordar senti muita dor e deixei minha mãe com medo pois além de gritar lhe passei uma lista de coisas que queria comer e fazer depois de sair dali, jurando que nunca mais iria fazer uma cirurgia.
Hoje um pouco mais de um mês depois da cirurgia, volto aos poucos a minha vida normal com algumas restrições, mas com a certeza de que daqui para frente à dor que sentia não me acompanhará mais, aproveito para agradecer aos funcionários do hospital e a todos que acompanharam a minha luta.
Texto respostado pelo autor publicado originalmente em 3 de fevereiro de 2020.
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