Escrever com sentimentos
Queria escrever com sentimentos assim como Clarice fazia, mas já li em uma entrevista com Marina Colasanti que quem escrever como Clarice terá um problema já que é fácil de identificar que ali tem características Claricianas.
Queria que minha escrita fosse mais fluída, acho que por eu pensar demais acabo perdendo a minha essência, minhas palavras ficam sem emoção e a comunicação não é bem feita. Queria ser escritor e ter textos lindos que me orgulhasse ao ler um elogio nos comentários, mas eu não paro de pensar.
Queria que você ao ler esse texto entendesse o que eu estou dizendo, muitas vezes sinto que só eu entendo o que escrevo, me sinto incompreendido, e tenho medo. Tudo que faço envolve a escrita e ao mesmo tempo eu quero escrever e ler o que os outros escrevem. Digo, quero escrever porque eu sei que tenho muita coisa para falar, mas eu sei que sou bom em ler o que os outros dizem. Quando leio um texto da Clarice Lispector, Marina Colasanti, Marlon Souza ou Guilherme Pintto, noto que ali tem sentimentos e é assim que gostaria de escrever.
Pode parecer confuso, talvez seja mesmo. Os textos que leio são bem escritos e os meus parecem que não teve capricho, são frios e distantes. Certa vez, passei um dia inteiro escrevendo uma matéria que deu apenas quatro parágrafos, mas me deu muito trabalho de pesquisar dados, e no fim, foi completamente alterado e eu fui chamado de sacana. A partir dali perdi o gosto por escrever.
Comecei a pensar que meus textos deveriam ser mais. Maiores, mais elaborados, com mais dados e isso bloqueou a minha criatividade. Fiquei frustrado, e toda vez que sentava em frente ao computador para escrever algo, aquelas frases ditas, por uma pessoa com cinquenta anos de experiência, ecoavam em minha mente.
Agora, enquanto escrevo esse texto, penso que em algum momento vão me perguntar quem foi a pessoa, não saberei o que dizer, não posso expor porque corro o risco de ser julgado como caso de falta de profissionalismo da minha parte. Ele tem mais tempo na profissão e eu ainda sou um estudante e faz parte do senso comum acreditar que é normal abuso de poder e terror psicológico, podem dizer que eu reclamo muito e deveria me acostumar com trabalhos sob pressão.
Queria que minha escrita fosse mais fluída, acho que por eu lembrar das palavras negativas e da desvalorização do meu serviço eu acabo me prendendo. O medo de ouvir novamente ou de não ter sucesso acaba me prendendo. Quero confiar de novo e deixar meus sentimentos nos textos. Pelo menos nos que eu possa expressar o que sinto como no caso deste.
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